Steins;Gates nos confunde em seu início
pacato e comum no universo dos animes, assim como a vida tende a nos confundir no
início da nossa jornada, mas como toda história bem escrita, nenhuma parte é
irrelevante, aprendi isso quando fui jogar a Visual Novel após terminar o
anime, compreendi as nuances deixadas, as falas incoerentes da Suzuha, a busca
incansável pelo IBN 5100 da Moeka e, como se não bastasse, Okabe tirando seu
telefone e acusando a Organização, não imaginando que ela estaria tão próxima.
Tudo isso faz qualquer um que assiste novamente ou joga novamente se rejubilar
e perceber o bom desenvolvimento que a história teve.
No começo da história tudo é lerdo, o
que me segurou mesmo foi o carisma do protagonista. Queria falar mais um pouco
sobre ele, Okabe é aquele protagonista único, que não se consegue replicar por
mais que tentem, seus diálogos consigo mesmo e a forma como se relaciona com os
outros personagens é cômica e empolgante – os diálogos com a Christina eram os
mais relevantes pra mim – de forma original. Ele é o protagonista que eu mais
respeito nos animes, porque a jornada que ele fez pra salvar sua amiga foi
exaustiva de todas as formas possíveis, faça o seguinte: ponha-se na situação
dele – outra coisa que faz a história ganhar pontos é que ela pode ser
facilmente aplicada ao universo do espectador – e tente salvar uma pessoa
importante pra você e veja ela morrendo não importa quantas vezes você tente e
de quantas formas. Perceba ainda, quando ele fez aquelas muitas viagens para
tentar salvar a Mayuri, isso pelo episódio 14 ou 15, nós nunca soubemos o
número real de vezes que ele voltou no tempo e tentou, o número de vezes que
ele viu ela morrer, chegando ao ponto da morte dela se tornar quase um evento
corriqueiro. A persistência dele comove, porque tudo aconteceu de repente, o
psicológico dele não estava preparado pra isso, sinceramente, não sei como ele
não enlouqueceu nessa situação. Todas as vezes que eu ouvia a Mayuri dizer “Meu
relógio parou” eu já começava a sentir pena do Okabe.

No entanto, apesar do protagonista ser
único, todos os personagens na trama comovem de alguma forma, todos eles
sacrificaram algo pelo qual prezavam muito para que alguém pudesse ser salvo, e
nas diversas divergências na linha do tempo, vimos que eles eram felizes ou
tristes de alguma forma, e tudo mudava, não esqueço do exemplo da Suzuha da
linha alfa, divergência 0.337337%, por ter falhado em obter o IBN 51000, ela
passa o resto de sua vida em profunda depressão até escrever a carta e se
suicidar. Isto nos faz refeltir que cada personagem tem sua felicidade e
amargura em questão apenas de um ato no passado, isto cai bem ao se aplicar a
cada pessoa, a trama nos passa implicitamente esta mensagem por meio do exemplo
de todos os personagens: cuidado com as escolhas que você faz, para provar isso
basta lembrar da Feyris – e eu pensando que ela não servia pra nada – quando
ela assume uma postura diante do pai dela e ele acaba se acidentando e morrendo
por causa disso.
Todas as escolhas que levariam a uma ou
outra divergência são tão possíveis de acontecer, isso é o mais assustador,
usando o Okabe como exemplo, nos dois finais que poderiam ter acontecido depois
que ele falha em salvar a Kurisu pela primeira vez, se não fosse a Suzuha
encorajando ele e mostrando aquele Vídeo D-mail, ele não teria voltado a tentar
– levando a trama de Stenis;Gate 0 – ou teria voltado, criando uma nova
divergência que não nos foi mostrada. Porém, sigam esta linha de raciocínio, se
Okabe, mesmo que Suzuha tivesse lhe mostrado o Vídeo D-mail, ele escolhesse não
acreditar em si mesmo e não voltar para salvar sua amiga (amada), ainda
poderíamos compreender o seu ponto de vista, isso criaria uma outra
divergência. As escolhas e eventos vão dos mais simples aos mais complicados,
um Metal Upa estar dentro da pasta de alguém pode impedir a terceira guerra
mundial.
Não é preciso mostrar a grandiosidade
que a história toma quando aplicada a nossa vida cotidiana, divergências e
linhas do mundo podem existir ou não, esse não é o ponto, mas que podemos
aplicar estes conceitos em nossas vidas e poder melhora-las a partir disso,
escolhas são difíceis, e o caminho que esta escolha pode definir pode ser mais
ou menos difícil, o importante mesmo é nos mantermos firmes em nossa decisão em
busca de nossa própria felicidade, ainda há a possibilidade de nós pararmos antes
do final do caminho, se isso nos traz felicidade maior, os finais alternativos
na Visual Novel existem por um motivo: Okabe teria parado por alguma razão a
sua busca pelo Steins;Gate, e assim nos levaria a um final especifico, mas
aviso que nenhum dos finais alternativos
é de todo mal, por isso, se nossa felicidade está lá, em um final que nós não
prevíamos, é pra lá que devemos ir, não devemos deixar o nosso caminho ser
decidido por outra pessoa, lembrem-se da devoção da Moeka ao FB e como isso
terminou. Ainda, não sentir remorso por, ao estar indo a um final diferente do
planejado, deixar algumas coisas pra trás, isso faz parte da vida, Okabe e os
demais personagens deixaram muitas coisas pra trás para chegar ao seu final,
mas o final foi reconfortante, não foi? Esta é a lição que toda a história quer
nos passar, fazer você refletir e buscar a melhor maneira de achar o seu próprio
Steins;Gate!
El Psy Kongroo
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